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Fdeandrea Atividade Física e Saúde

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

“Atividade Física e Doenças Cardiovasculares”


A atividade física é um fator importante na prevenção primária e secundária, bem como no tratamento das várias doenças cardiovasculares (1). A inatividade física tem sido considerada um fator de risco importante das doenças cardiovasculares (2). Estudos têm demonstrado que pacientes com doenças cardíacas, que participam de programas de treinamento físico regular, e que recebem orientação sobre controle dos fatores de risco para doenças cardiovasculares, apresentam menor número de eventos pós-operatórios e de reinternações hospitalares, além de redução da mortalidade (3,4).
Na década de 40, surgiram os primeiros questionamentos sobre a conduta então preconizada do repouso prolongado no leito no manejo de pacientes portadores de doenças cardiovasculares. Juntamente com os resultados obtidos das pesquisas sobre os benefícios da atividade física para o sistema cardiovascular, houve uma mudança em relação à atividade física no tratamento dos pacientes cardiopatas (5).
Kellerman criou, em 1962, em Washington, o primeiro programa de exercícios físicos direcionados a pacientes infartados e de cirurgia valvar, com duração de 16 semanas, foi um marco inicial para criação de programas de reabilitação cardíaca (5).
Em 1986, Shephard realizou uma revisão abrangente destes estudos observacionais envolvendo atividade física e doenças cardiovasculares. Grande parte deles revelou uma menor taxa de DAC e mortalidade por todas as causas, específica para idade nos grupos mais ativos. Na maioria dos casos, registrou-se um risco duas a três vezes maior associado a um estilo de vida sedentário. Esses dados foram atualizados pela revisão de Powell et al., em 1987, apoiando a inferência de que a atividade física é inversa e casualmente relacionada à incidência de doença coronariana (1).
Ultimamente, a atividade física tem sido incorporada como uma conduta terapêutica no tratamento do paciente portador de cardiopatia, associado ao tratamento medicamentoso e às modificações de hábitos alimentares e comportamentais (4,6). Em recente meta-análise, foi confirmado o efeito benéfico da reabilitação cardíaca independente do diagnóstico da doença arterial coronariana, do tipo de reabilitação e da dose de intervenção do exercício. Foi ainda evidenciado que programas baseados no treinamento físico reduzem a mortalidade cardíaca e por todas as causas, apesar de não ter sido completamente elucidado o mecanismo preciso pelo qual a terapia com exercício melhora o índice de morbidade e mortalidade em pacientes com doenças cardiovasculares (3,4,6).

Inatividade física e consequências na saúde

    O corpo humano é planejado para movimentos e atividades, inclusive de nível extenuante, todavia a atividade física de intensidade leve e moderada faça parte do estilo de vida padrão. Não se pode esperar que o organismo humano tenha funcionamento ótimo e permaneça saudável por longos períodos se ele não for adequadamente utilizado. Assim, a inatividade física levou ao incremento - ao longo dos anos – de doenças crônicas, visto que pessoas sedentárias apresentam maior chance de desenvolver enfermidades crônicas como cardiopatia coronariana, hipercolesterolemia, câncer, obesidade, distúrbios musculoesqueléticos (7). De acordo com  a AMERICAN HEART ASSOCIATION apud ESPEJO; GARCÍA (8), a inatividade física é tida como o maior fator de risco de desenvolver problemas coronarianos cuja causa mais comum de lesão é denominada de aterosclerose coronária obstrutiva. Conforme ROBERGS E ROBERTS (9) é imputada a inatividade física como uma grande contribuição na formação do processo aterosclerótico.

Atividade física e exercício físico na profilaxia de DCV

A medicina preventiva e a área da saúde pública têm focado sua atenção para os fatores de risco modificáveis capazes de favorecer o desenvolvimento de doença arterial coronariana. Dentre eles pode-se elencar a hipertensão, hipercolesterolemia, tabagismo, obesidade e sedentarismo (10). Quando o indivíduo torna-se fisicamente ativo, boa parte desses eventuais problemas de saúde podem ser atenuados, para melhorar a fisiologia humana é necessário movimento diário do corpo, ou seja, ativá-lo por meio da atividade física.

    A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto de energia. O exercício físico é conceituado como sendo um subconjunto da atividade física de modo planejado, estruturado e repetitivo cujo efeito é de manter ou melhorar um ou mais componentes da aptidão física (capacidade de realizar atividade física) PATE et al. (11). Desde a década de 1960, estudos têm demonstrado associação inversa da atividade física e aptidão cardiorrespiratória com a ocorrência das enfermidades cardíacas (10). Segundo BERLIN; COLDITZ apud FUNCH, MOREIRA; RIBEIRO (12), a atividade física regular está associada com inúmeros benefícios à saúde, incluindo a redução da incidência de doenças cardiovasculares, como as oriundas de aterosclerose coronariana e cerebrovascular.

    Segundo HEYWARD (13), a prática de atividade física regular constitui a melhor intervenção contra o desenvolvimento de várias doenças, distúrbios e indisposições, isto é, tem efeitos na prevenção de doenças, mortes prematuras e manutenção de uma melhor qualidade de vida. Consoante PATE et al. (11), a atividade física reduz o risco de desenvolver doenças coronárias por uma série de respostas fisiológicas e metabólicas, a saber: aumento do colesterol de lipoproteína de baixa densidade, redução do triglicérides séricos, atenuação da pressão arterial, redução do risco de trombose aguda, aumento da sensibilidade à insulina e redução da sensibilidade do miocárdio aos efeitos das catecolaminas, reduzindo desta forma o risco de arritmias ventriculares.

    Então, a atividade física ou o exercício físico apazigua as chances de ocorrência de uma série de problemas de saúde, inclusive o risco de ter um ataque cardíaco. Para FOSS; KETEYIAN (14), as possíveis respostas biológicas pelas quais a atividade física promove atenuação das taxas de mortalidades cardiovasculares incluem as seguintes: maior estabilidade elétrica do miocárdio (menores concentrações de catecolaminas em repouso e durante o exercício, maior limiar de fibrilação ventricular); menor trabalho do miocárdio e demanda do oxigênio (menor frequência cardíaca e pressão arterial em repouso e durante o exercício); melhor função do miocárdio (maior contratilidade miocárdica); suprimento de oxigênio ao músculo cardíaco mantido (progressão retardada da aterosclerose em virtude da menor adiposidade e dos maiores níveis de colesterol lipoprotéico de alta densidade).

Prescrição e benefícios da atividade física e exercício físico na profilaxia das DCV

    As doenças cardiovasculares são as maiores causas de morte da população em escala mundial. Preveni-las se torna uma preocupação emergencial no âmbito do setor de saúde. Adotar medidas preventivas – por meio de um estilo de vida saudável – como: controle da pressão arterial, da massa corporal, do estresse excessivo e da prática habitual de atividade física, certamente melhora padrão de saúde e previne contra doenças. Os cientistas do exercício e profissionais de saúde afirmam que a atividade física regular constitui a melhor defesa contra o desenvolvimento de inúmeras enfermidades, distúrbios e indisposições. Desta feita, a atividade física é importante na profilaxia de doenças e óbitos prematuros (7).

    A prática regular de atividade física é considerada um relevante componente de um estilo de vida saudável, que promove um funcionamento mais eficiente dos sistemas orgânicos, especialmente no cardiorrespiratório. Essa prática é capaz de minimizar os riscos de desenvolvimento das doenças cardiovasculares (10). A atividade física – salutar para a saúde – proporciona inúmeros benefícios à saúde das pessoas. Estudos realizados por meio de investigações epidemiológicas demonstram efeitos protetores gerados pela prática de atividade física habitual, incluindo as doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes insulino não dependente, osteoporose, câncer de cólon, ansiedade e depressão (11).

    Os pesquisadores sugerem que os exercícios físicos devam ser realizados três ou mais vezes por semana com duração de cerca de 30 minutos diários, de modo intermitente ou contínuo cuja intensidade gire em torno de 3 a 6 equivalentes metabólicos (METS). A intensidade é estabelecida entre 60% a 90% da frequência cardíaca máxima ou 50% a 85% do consumo máximo de oxigênio. Atividades essas suficientes para consumir aproximadamente 200 quilocalorias diárias.

    O exercício físico é aceito como agente preventivo e terapêutico de diversas moléstias, inclusive diante das cardiovasculares (15). Este age na profilaxia e no tratamento de doenças cardiovasculares e crônicas, imputando-se aspectos de ordem benéfica e protetora (16). Consoante POLLOCK et al. (1), tanto os exercícios de resistência aeróbia quanto os exercícios resistidos podem promover benefícios significativos nas aptidões físicas relacionados à saúde (resistência aeróbia, força e resistência muscular), favorecendo melhorias na função cardiovascular, metabólica, fatores de risco coronarianos e psicossociais.

Considerações finais

     Atividades físicas e exercícios são considerados medida não medicamentosa capaz de evitar problemas mais severos de saúde, pois atua no organismo como fator benéfico e protetor contra diversas enfermidades, como: hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes millitus, obesidade e especialmente as doenças cardiovasculares. Enquanto o sedentarismo pode dobrar o risco de ser acometido por alguma ocorrência cardiovascular grave - de modo independente -, a atividade física cotidiana realizada ao menos três vezes semanais e de intensidade moderada pode favorecer melhorias na saúde e na qualidade de vida da população em geral. Os ganhos advindos desta prática podem ser obtidos tanto pela realização dos exercícios de resistência cardiorrespiratória quanto do exercício de força. Ambos devem ser componentes indispensáveis na elaboração de um programa de condicionamento, que vise melhoria do desempenho e aptidões físicas relacionadas à saúde (17).
A prática regular de atividade física tem sido recomendada não apenas para a prevenção e reabilitação das doenças cardiovasculares, mas como estratégia importante de promoção de saúde (18). Sendo assim o mais importante é realiza-las sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar qualificada.


Referências:

1. Polock MJ, Wilmark JH. Exercícios na saúde e na doença. 2ª ed. Rio de Janeiro:Medsi;1993.
2. Diário Oficial da União. Portaria nº 1893 de 15/10/2001. Criação do programa de prevenção com atividade física. Brasília;2001.
3. Charlson ME, Isom OW. Care after coronary-artery bypass surgery. N Engl Med. 2003;348(15):1456-63
4. Hedbäck B, Perk J, Hörnblad M, Ohlsson U. Cardiac rehabilitation after coronary artery bypass surgery: 10-years results on mortality, morbidity and readmissions to hospital. J Cardiovasc Risk. 2001;8(3):153-8.
5. Silva E, Catai AM. Fisioterapia cardiovascular na fase tardia-fase III da reabilitação cardiovascular. In: Regenga MM, ed. Fisioterapia em cardiologia: da UTI à reabilitação. 1ª ed. São Paulo:Roca;2000. p.261-310.
6. Taylor RS, Brown A, Ebrahim S, Jolliffe J, Noorani H, Rees K, et al. Exercise-based rehabilitation for patients with coronary heart disease: systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Med. 2004;116(10):682-92.
7. Heyward, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício – técnicas avançadas. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
8. Espejo, F. R., García, J. E. M. Ejercicio físico y problemas coronários. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 13, Nº 121, Junho de 2008. http://www.efdeportes.com/efd121/ejercicio-fisico-y- problemas-coronarios.htm
9. Robergs, R. A.; Roberts, S. O. Princípios fundamentais de fisiologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.
10. Nahas, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2001.
11. Pate, R.R., Pratt, M, Blair, S.N, Haskell, W.L, Macera, C.A., Bouchard C, et al. Physical activity and public health. A recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA 1995;273(5):402-7.
12. Berlin, J. A.; Colditz, G. A. A meta analysis of physical activity in the prevention of coronary heart disease. Am J. Epidemiol, vol. 132, p. 612-628, 1990.
13. Heyward, V. H. Avaliação física e prescrição de exercício – técnicas avançadas. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
14. Foss, M. L. e Keteyian, S. J. Bases Fisiológicas do Exercício e do Esporte. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
15. Lee, I. M.; Paffenbarger, R. S. JR. Physical activity and stroke incidence: the Harvard Alumni Health Study. Stroke. Vol. 29. nº 10, p. 2049-2054, 1998.
16. Krinski, K.; Elisangedy, H. M.; Gorla, J. I.; Calegari, D. R. Efeitos do exercício físico em indivíduos portadores de diabetes e hipertensão arterial sistêmica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 10, nº 93, fev/2006. http://www.efdeportes.com/efd93/diabetes.htm
17. Medeiros, James Fernandes de. Atividade física e exercício físico e os efeitos
18. BIJNEN F, CASPERSEN C, MOSTERD W. Physical inactivity s risk factor for coronary heart disease:a WHO and International Society and Federation of Cardiology position statement. Bulletin of the World Health Organization 1994; 72: 1-4.