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Fdeandrea Atividade Física e Saúde

domingo, 13 de junho de 2010

“Atividade física em idosos”

O envelhecimento traz, como uma de suas conseqüências, a diminuição do desempenho motor na realização das atividades da vida diária (AVD), o que, entretanto, não leva as pessoas a se tornarem, necessariamente, dependentes de outros.
Nos idosos este parece ser um desafio, visto que o envelhecimento na sociedade atual está carregado de estereótipos associados apenas nos declínios físicos. A imagem corporal durante a velhice pode sofrer então distorções devido à visão negativa em relação à velhice, baseada na falsa idéia de que envelhecer gera sempre incompetência (GALLAHUE; OZMUN, 2001; NERI, 2001; OKUMA, 1998; SIMÕES, 1998).
É fato que o processo de envelhecimento é inerente à todas as espécies, principalmente ao homem, e que tal processo é inevitável. Porém, estudos relacionados às pessoas idosas têm demonstrado que é possível minimizar e diminuir o declínio físico-fisiológico, influenciando também nos aspectos sociais e psicológicos através de atividades físicas sistematizadas (OKUMA, 1998; SILVEIRA 1998; MATSUDO, 2000).
Embora aproximadamente 25% dos idosos cheguem ao estado de dependência para realizar tarefas cotidianas (Spirduso, 1995), o que é uma parcela considerável da população para trazer problemas para a sociedade, essa situação não se traduz como a totalidade dos idosos, ou como uma condição que todos terão quando envelhecerem Okuma (1999).
De acordo com Schoueri Júnior, Ramos & Papaléo Netto (1994), tradicionalmente o envelhecimento foi um fenômeno sempre estudado e analisado como uma característica de países europeus, pois nessas regiões 28% da população apresenta idade superior a 75 anos. A partir da década de 50, no entanto, tem ocorrido um crescimento expressivo da população idosa nos países de terceiro mundo. Spirduso (1989) comenta que o século XX foi palco de drásticas mudanças de demografia relacionadas à idade. Dados apresentados pela autora mostram que, em 1900, somente 4% da população mundial apresentava idade igual ou superior a 65 anos. No ano 2000, projeta-se que 15 a 20% da população pertencerá a essa categoria. Ressalta-se ainda que a população dos muito idosos (indivíduos acima dos 85 anos), desde 1940, tem crescido mais de 50% a cada década (Pescatello & Di Pietro, 1993; Spirduso, 1989). Na América Latina, estima-se que entre os anos de 1980 e 2000, a população idosa aumentará em 236% e o Brasil, em 2025, terá a sexta maior população idosa no mundo (Schoueri Júnior et alii, 1994). Segundo Kalache, Veras & Ramos (1987), no Brasil, entre os anos de 1950 e 2025, o aumento da população idosa será da ordem de 15 vezes, enquanto o da população como um todo será de não mais que cinco vezes no mesmo período.
Sem dúvida, o aumento da expectativa de vida proporciona às pessoas um maior período de tempo para sintetizar e culminar a realização de seus projetos de vida. Porém, para que isso ocorra, é necessário que a velhice seja vivida com qualidade (Okuma, Andreotti, Lara, Miranda & Suckow, 1995).
Um dos elementos que determinam a expectativa de vida ativa ou saudável é a independência para realização de AVD. Sem dúvida, na velhice, a capacidade de realizar AVD pode sofrer alterações (Adrian, 1986; Aniansson, Rundgren & Sperling, 1980; Gallahue, 1995; Mendes De Leon, Seeman, Baker, Richardson & Tinetti, 1996; Seeman, Bruce & McAvay, 1996).
Nota-se uma forte tendência à diminuição da atuação do indivíduo no meio em que vive. Tanto nas ações motoras mais específicas, como nas mais genéricas pode-se observar um especial comprometimento no comportamento de parte da população idosa.
Sallis e Hovell (1990) sugerem que o comportamento para a prática da AF possui quatro grandes fases. Pesquisas sobre os determinantes da
AF procuram predizer e explicar as transições entre as seguintes fases: do sedentarismo à adoção da AF
(adesão inicial); da adoção à desistência ou manutenção; da desistência à retomada da AF.
Segundo Dishman (1993), há um consenso de que variáveis conhecidas que determinam maior ou menor grau de fixação das pessoas aos programas de AF podem ser categorizadas como fatores pessoais passados e presentes, fatores ambientais ou situacionais passados e presentes, fatores comportamentais e fatores relativos ao programa de AF.
Entre os fatores pessoais, pode-se citar, gênero, idade, grau de instrução, renda(“status” sócio-econômico), raça e etnia e estado civil, aspectos que definem o perfil sóciodemográfico do indivíduo; além de saúde e aptidão física percebida, participação anterior em programas de AFs, razões para fazer AF, conhecimento e crenças nos benefícios da AF para saúde, traços psicológicos do praticante, benefícios percebidos com a AF, bem como fatores fisiológicos como peso corporal e problemas médicos gerais. Parece que o hábito de fumar e tipo de ocupação (emprego) fazem parte dos fatores comportamentais. Quanto aos fatores situacionais, encontram-se apoio social e participação da família, falta de tempo percebida, clima, proximidade do local da prática, além das características do programa de AF em si, como intensidade da atividade, programas individuais ou em grupo e características do professor (Dishman, 1993).
Aos poucos a sociedade como um todo e principalmente a população idosa começam a ver a atividade física como forma de prevenção e reabilitação da saúde, fortalecendo os elementos da aptidão física que se acredita estar diretamente associados com a independência e a autonomia do idoso, permitindo prolongar por mais tempo a execução das atividades da vida diária, tanto as físicas, quanto as instrumentais (OKUMA, 1998; MATSUDO, 2000).
Deve-se observar que “uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável, espaço para o lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa melhor qualidade de vida” (PIRES et al., 2002, p. 2).


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