Vários estudos com crianças e adolescentes têm demonstrado o benefício da atividade física no estímulo ao crescimento e desenvolvimento, prevenção da obesidade, incremento da massa óssea, aumento da sensibilidade à insulina, melhora do perfil lipídico, diminuição da pressão arterial, desenvolvimento da socialização e da capacidade de trabalhar em equipe (1). Também é conhecido o fato de que a atividade física realizada de forma imprópria, em desacordo com a idade, com o desenvolvimento motor e com o estado de saúde, apresenta riscos de lesões como: trauma, osteocondrose, fratura e disfunção menstrual (2).
Profissionais de saúde são questionados frequentemete quanto aos efeitos positivos do exercício físico sobre o crescimento de seus filhos. Embora muito se especule a esse respeito, existem poucos trabalhos que sustentem tal afirmação. Isso se deve principalmente à diversidade de fatores que tornam difíceis os estudos comparativos nesta área como, por exemplo, dificuldade de interpretar o impacto dos esportes na adolescência em virtude dos diferentes estágios puberais; grau de restrição dietética utilizada em alguns treinamentos e grande número de atividades físico-desportivas potenciais e suas variadas formas (intensidade, freqüência) de prática (3).
O treinamento resistido (musculação) para crianças e adolescentes infelizmente ainda é um tema muito controverso para muitos profissionais da saúde, como médicos e educadores físicos. A causa dessa controvérsia deve-se justamente ao fato de alguns desses profissionais estarem desatualizados com relação a esse tema, pois nos últimos anos muitas pesquisas têm demonstrado os verdadeiros efeitos de um programa de força para crianças e adolescentes. Os estudos mais antigos constantemente questionavam a segurança e eficiência de um treinamento de força para essa faixa etária, mas novas evidências têm indicado que tanto crianças quanto adolescentes podem aumentar a força muscular em conseqüência de um treinamento de força (4).
Os riscos de um treinamento de força bem orientado e individualizado são praticamente nulos, já que nenhum tipo de lesão foi reportado em estudos supervisionados de forma competente, ou seja, estudos bem delineados, conduzidos por instrutores qualificados e planejados de forma específica para a idade (5).
Um programa de exercícios bem elaborado, individualizado, adequadamente supervisionado, com ênfase à boa técnica de execução dos movimentos, feitos por um profissional qualificado, torna a sua realização praticamente isenta de riscos (6).
Entre muitos benefícios Santarém (7) destaca os principais efeitos do treinamento de força ao adolescente:
1) Aumento do metabolismo basal;
2) Diminuição da perda de massa muscular;
3) Redução do percentual de gordura;
4) Diminuição das dores lombares;
5) Melhora da qualidade do sono;
6) Minimização da ansiedade e da depressão;
7) Prevenção de doenças cardiovasculares;
8) Controle do Diabetes;
9) Redução dos sintomas de artrite-reumatóide; 10) Diminuição de riscos de quedas e fraturas;
11) Controle da pressão arterial;
12) Combate à osteoporose;
13) Melhora da confiança e da auto-estima;
14) Melhora das capacidades mentais;
15) Redução dos níveis de LDL (colesterol ruim) e aumento do HDL (colesterol bom);
16) Previne varizes;
17) Melhora da auto imagem;
18) Previne lesões;
19) Corrige e minimiza a má postura;
20) Auxilia no combate à obesidade.
Conclusão:
Os benefícios da atividade física durante a infância e adolescência surtirão efeitos na vida adulta. Portanto, a construção desse hábito deve se dar na escola, estimulados principalmente através das aulas de educação física, e em casa com o incentivo dos pais (8).
Centenas de estudos foram publicados nos últimos anos apoiando a prática de musculação em crianças, adolescentes e em qualquer faixa etária. Vários benefícios são constantemente relatados, enquanto raramente são identificados efeitos deletérios do exercício resistido, mesmo em crianças pré-púberes. Os dados acima expostos e as centenas de estudos publicados definitivamente desmistificam os efeitos negativos do treinamento de musculação na infância e adolescência (9).
Referências:
1- Broderick CR, Winter GJ, Allan RM. Sport for special groups. Med J Aust 2006;184:297-302.
2- Stafford DE. Altered hypothalamic-pituitary-ovarian axis function in young female athletes. Treat Endocrinol. 2005;4:147-54.
3- Silva CC, Goldberg TB, Teixeira AS, Marques I. Does physical exercise increase or compromise children’s and adolescent’s linear growth? Is it a myth or truth? Rev Bras Med Esporte 2004;10:520-4.
4- GUY JA; MICHELI LJ Strength training for children and adolescents. J Am Acad Orthop Surg; 9(1):29-36, 2001 Jan-Feb .
5- FAIGENBAUM AD, LOUD RL, O'CONNELL J, GLOVER S, O'CONNELL J, WESTCOTT WL. Effects of different resistance training protocols on upper-body strength and endurance development in children. J Strength Cond Res. 2001 Nov;15(4):459-65.
6- Faigenbaum AD, Corbin CB, Pangrazi RP et al. Youth resistance training. Research Digest President's Council on Physical Fitness and Sports 2003;4(3):1-8.
7- SANTARÉM, J. M.Treinamento de força e potencia. In: GHORAYEB, N. ; BARROS, T. L. de (Org.). O exercício. São Paulo: Atheneu, 1999, p. 35-50.
8- SIMÃO, R. Treinamento de força na saúde e qualidade de vida. São Paulo: Phorte, 2004.
9- Fischer, B. Parecer técnico sobre o treinamento de musculação durante a infância e adolescência. http://www.gease.pro.br/artigo_visualizar.php?id=206